Radical Pedagogies

Saberes de Professoras AfroUniversitárias da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros – LIESAFRO



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Encontro com participantes do workshop no Maranhão

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Walquíria Costa Pereira

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Os estudos sobre os saberes de professoras afrouniversitárias da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros (LIESAFRO) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) são um convite à reflexão sobre as contribuições dos seus posicionamentos e engajamento político e social dentro do espaço acadêmico, considerando que realizam “um movimento que se afasta de padrões e objetivos estabelecidos, rumo a uma perspectiva mais ampla” (ANZALDÚA, 2005, p. 706).  

Investigar saberes de professoras afrouniversitárias da LIESAFRO/UFMA na construção de práticas educativas afrocentradas e intersubjetivas é uma possibilidade de ampliar a discussão e valorização de sua própria condição de existência afrodiaspórica, evidenciando suas experiências de resistências libertadoras. 

Essas mulheres desobedecem à uma lógica eurocentrada que as inferioriza, colocando-as como pessoas subalternizadas e que não possuem capacidades intelectuais, ao estabelecerem táticas para se apropriarem e (re)apropriarem do espaço acadêmico, como produtoras de conhecimento.  

Analisamos os saberes de Professoras AfroUniversitárias, tendo por base os campos epistemológicos da Afrocentricidade (ASANTE, 2009; 2016) e da Intersubjetivação (CASTIANO 2010; 2013), buscando identificar esses saberes e as suas possibilidades de produção de práticas educativas afrocentradas e intersubjetivas. 

Nosso interesse pela LIESAFRO diz respeito a sua natureza filosófica voltada para Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER). É uma iniciativa recente, inovadora e pioneira no Brasil, situada no contexto dos Estudos Negros e Estudos Africanos, com objetivo de “formar profissionais para a docência dos anos iniciais do ensino fundamental na área das Ciências Humanas (...), no ensino médio na área de História e para atuação nas secretarias municipais e estaduais de educação para a implementação da Lei nº 10.639/2003” (UFMA, 2018, p. 5).  

O curso foi criado pela Resolução nº 224 do CONSUN, de 24 de fevereiro de 2015, tendo sua aula inaugural proferida pela Prof.ª Dr.ª Nilma Lino Gomes em cinco de maio de dois mil e quinze (UFMA, 2018). Possui Projeto Político Pedagógico com princípio metodológico interdisciplinar, visando o fortalecimento de uma formação de qualidade social, cujos princípios pedagógicos podem vir a “alargar o horizonte epistemológico trazendo novas discussões e novas reflexões sobre o espaço social, abrindo caminhos para outras formas de conhecer” (PADILHA; MACHADO, 2019, p.195) nos espaços universitários, especialmente, nas licenciaturas.  

Com estudos de abordagem qualitativa, realizamos levantamento bibliográfico, documental e diálogos com vozes epistêmicas (ressignificando as entrevistas) e garimpamos saberes de professoras AfroUniversitárias da LIESAFRO, a partir do diálogo entre múltiplas experiências de vida.  

Compreendemos que as professoras AfroUniversitárias com esses saberes querem “reivindicar o parentesco com a luta e perseguir a ética da justiça contra todas as formas de opressão humana” (ASANTE, 2009, p.102) e, com as/os estudantes construir “uma poderosa ética de comunicação e interação entre sujeitos” (ASANTE, 2009, p.103), na medida em que promovem estratégias educativas para discussão de conteúdos culturais (gênero, raça, sexualidade, classe social, diversidades, dentre outros), no sentido de que “compreendam os mecanismos pelos quais se perpetua a opressão e trabalhem para destruí-los” (MAZAMA, 2009, p.126).  

Os saberes das professoras afrouniversitárias da LIESAFRO são afrocentrados e compreendidos em uma perspectiva intersubjetiva por apresentarem elementos que possibilitam uma interação, contribuindo com a criação de espaços epistêmicos de trocas de saberes, e, de diálogos que valorizam o reconhecimento do eu e do outro, na comunidade acadêmica. 

 

REFERÊNCIAS  

ANZALDÚA, Glória Evangelina. Falando em línguas: uma carta para as mulheres  

escritoras do terceiro mundo. Estudos feministas. Florianópolis, vol. 8, n.1, jan./ jun. 2000. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9880/9106. Acesso em: 17 set.  

2020.  

ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinar. In:  

NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). Afrocentricidade: uma abordagem  

epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.  

ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade como crítica ao paradigma hegemônico ocidental: introdução a uma ideia. Ensaios Filosóficos, volume XIV, dezembro, 2016. 

CASTIANO, José Paulino. Referenciais da Filosofia Africana: em busca da  

intersubjectivação. 1. ed. Maputo, Sociedade Editorial Ndjira Ltda, 2010.  

CASTIANO, José Paulino. Os saberes locais na academia: condições e possibilidades da sua legitimação. Maputo, Universidade Pedagógica/ CEMEC, 2013. 

MAZAMA, Ama. A Afrocentricidade como um novo paradigma. In: NASCIMENTO, Eliza Larkin. (org.). Afrocentricidade: Uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro. 2009 

PADILHA, Glaucia Santana Silva; MACHADO, Raimunda Nonata da Silva. Pedagogia Afrocentrada em práticas educativas de professoras afrodescendentes universitárias. Nuances: estudos sobre Educação, Presidente Prudente-SP, v. 30, n.1, p.188-.203, 2019. 

UFMA. Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Estudos  

Africanos e Afro-Brasileiros. Disponível em:  

http://www.ufma.br/portalUFMA/arquivo/Grpt2ll2COwhfL7.pdf 

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