Radical Pedagogies

No período de 30 de agosto a 01 de setembro de 2022 estivemos dialogando com o Projeto “Construindo solidariedade transnacional no nexo Brasil-Reino Unido: pedagogias radicais do Sul”. Foram três dias de encontros entre experiências, um misto de emoções e sensações se entrelaçava. Entre a sala de aula e os Círculos Epistêmicos e o turismo afrocentrado fomos nos envolvendo com curiosidade epistemológica, entre os diálogos, as trocas entre os saberes e inquietudes de cada um/uma que estava presente, movimento que se tornava nosso.  

Para além dos encontros de partilha e diálogos nos Círculos Epistêmicos Afrocentrado, onde compartilhamos experiências radicais de construção de saberes, ultrapassamos os muros da universidade e seguimos o roteiro de visualização afrodispórica de São Luís no Bairro da Liberdade (Quilombo Urbano). Transitamos pela casa do Bloco Afro Netos de Nanã, na sede do Bumba Meu Boi de Leonardo, no Terreiro de Ylé Ashé Oba Yzoo e outros espaços de encontro com a história contada a partir das pessoas que mantém esse legado vivo, assumindo o papel de protagonistas e mantenedores da nossa cultura. Esse exercício de retroalimentação refletidos nos deslocamentos, nas rodas, nos encontros se constituem como potencial epistêmico que nos provoca pensar e repensar as nossas práticas/pesquisas. Dessa forma, diante de coletividades epistêmicas, com diálogos transnacionais, com nossas pedagogias radicais, caminhamos rumo a uma ruptura de uma estrutura moderna-ocidental de se fazer/construir pesquisa acadêmica, suscitando práticas de alfabetização que dialoguem com os saberes locais e se aproximem da realidade social e do contexto que nos inserimos. 

Desse modo, os espaços de diálogos reflexivos sobre educação e cultura, um olhar crítico ao caráter alienante da educação, nos oportunizou a construção de solidariedade e amorosidade transnacional com o Reino Unido, onde compartilhamos e dialogamos sobre nossas experiências enquanto pesquisadoras/es e educadoras/es, discutimos sobre práticas com comunidades em outros espaços, além dos escolares, como é o caso da pesquisa que venho construindo com as mulheres quilombolas quebradeiras de coco babaçu da comunidade quilombola Laranjeiras.  

Os encontros, além de nos oportunizar dialogar sobre nossas práticas-pesquisas, promovendo o exercício de aprendizagens colaborativas comprometidas com práticas educativas e espaços de conhecimento e experiências desde o território, nos possibilitou adentrar espaços de construção e preservação de saberes, numa polifonia de vozes, práticas, ritos e sabedorias ancestrais, que, de forma particular foi muito tocante e sem dúvidas, muito enriquecedor para os nossos estudos. Diante disso, ressalto a importância desse movimento e dessa proximidade, na partilha e na busca inquietante para o desenvolvimento de nossas pesquisas/estudos. Essa experiência acadêmica e científica transnacional contribuiu para novas discussões e nos provoca em debates e no reconhecimento de nossas práticas e nas formas de re-existir do nosso povo.